Tuesday, May 23, 2006

Faxina, coisas velhas e piadas!

by Bel
Tem uma hora que não tem jeito. Nada cabe no armário. As gavetas não abrem, e se abrem não fecham nunca mais. Os livros estão lá na estante, mas ninguém consegue entender como eles estão lá. Seus papéis, documentos, contas e afins estão dentro da sua casa. Mas onde, meu Deus?
Então lá vamos nós para uma faxina. Cada um tem um jeito próprio de fazer isso (ou de ignorar a zona e continuar numa boa). O meu é assim: tudo, absolutamente tudo sai de dentro do quarto. Estantes, mesinhas, tapetes, cortinas, vídeo, DVD, televisão, cama. A única coisa que fica é o armário (até porque é um duplex e-nor-me, meu metro e meio não consegue fazer com que ele passe pela porta novamente). Então ele fica, mas completamente vazio, sem nada. A sala, os outros quartos, a cozinha, os banheiros ficam intransitáveis, entupidos de tralhas que eu prometo "Nunca mais isso volta para dentro do quarto".
E aí começo sempre pelo mais fácil: arrumar e separar as roupas. Tudo que está com cara de "não estou 100% limpo" ou que está com cheiro de armário vai para a lavanderia. Ou melhor para a pilha da lavanderia. O que não cabe vai para as pilhas "vou emagrecer e ele entra novamente", "com jeitinho ele cabe" e "não tem mais jeito". Tudo devidamente separado, dobrado e pendurado? É hora de encarar os papéis, documentos e afins... Afins é tudo aquilo que a gente guarda sem saber bem o motivo, mas temos certeza absoluta que tem utilidade crucial na nossa vida.
Quatro horas depois... estamos sentadas no chão, lendo agendas velhas, cartinhas, bilhetes, declarações de amor eterno (assinadas só com as iniciais, óbvio) em guardanapos de restaurante barato. Páginas e mais páginas de um passado que está meio manchado de vinho e cerveja. Esquecido em anotações sem sentido, com letras de pessoas que nem lembramos mais quem são.
Oito horas depois... tudo volta para dentro do quarto. Menos bagunçado, mas não arrumado. E o que sobra?
Mas bagunça para a próxima faxina.
E já que ontem foi dia de faxina aí vão duas pérolas sem data que encontrei no fundo de uma gaveta:
Definições de solteira:
A radical: é a sozinha por opção. Costuma ter relacionamentos rápidos.
Light: solteirice temporária. Usa a inteligência a serviço do sexo e é tranqüila.
Inconformada: foi A-BAN-DO-NA-DA por um grande amor e não se conforma em ficar sozinha.
Por condição: Já se conformou em viver sozinha depois de várias decepções. Acredita que encontrará um príncipe (encantado ou não).
Novata: acabou de se separar.
A "guerreira" inteligente:
Jamais sai com apenas UMA amiga
Evita sair com mais de QUATRO mulheres
SEMPRE tem papel e caneta na bolsa (mesmo não sendo jornalista)
NUNCA, de maneira nenhuma, dá pinta que quer desesperadamente um romance
Entende de: futebol, F1, vôlei, basquete...
Abre muitas frentes ao mesmo tempo
Carrega camisinhas na bolsa (várias aliás)
Espera três dias para ligar
Estabelece quem são suas vítimas
E interessante ANTES de ser interessada
Capricha na abordagem
E tem certeza: se um cara vale 7,5, ele pode ganhar 10. Depende da situação

Tuesday, May 09, 2006

Despedida


Bel_________
Volta Redonda, 5 de maio de 2006

Minha cidade está mais triste. O mundo menos honesto.

Sei que ele não era um homem público, conhecido e de fácil lidar. Mas é de um caráter ímpar, de uma honestidade e de uma generosidade a toda prova.

Ele nasceu antes da cidade, veio morar aqui e ela ainda não era nem mesmo sequer uma vila. Cresceu e se tornou HOMEM junto com a cidade. Um homem que quando jovem ia ao cinema de terno. De uma época em que roubar e matar eram crimes.

Aprendeu o que era amizade e a valorizar cada um dos amigos. Era o caladão da turma, o que estava sempre a postos para socorrer quem quer que precisasse. Aquele amigo que tem o pai com que todos sempre sonhamos. A casa aberta e festeira.

Tinha um jeito todo próprio de amar. Um jeito de demonstrar esse amor. Quieto, com os olhos, mais que com palavras e gestos.

O destino, sempre ele, resolveu que essa pessoa tão boa, que é óbvio também tinha lá seus defeitos, deveria ter uma espada sempre pendurada sobre sua cabeça. E por isso, seu coração tão generoso era também muito frágil. Entre um sobressalto e outro amava sem limites. Mas sempre por um fio...

Nos últimos anos se tornou mais falante, mais brincalhão, mais risonho. E acabou sendo o pai que todos gostariam de ter. Que mesmo sem poder sempre fez todas as vontades dos filhos, que amou e elogiou e se orgulhou tanto que o coração não agüentou.

Vivi pouco com esse adorável rabugento. O meu rabugento. Foram só 34 anos de vida em comum, os mais lindos e especiais de minha vida. E eu posso me orgulhar de dizer que (assim como meu irmão) tivemos o MELHOR PAI DO MUNDO. Eu sou o que sou por obra dele. Tenho caráter, personalidade e vontades porque ele me ensinou a nunca abaixar a crista. A não deixar que me usem, a mostrar o meu valor.

Hoje minha família que é ao mesmo tempo enorme e pequenina está um pouco menor.

Hoje minha cidade está menos honesta e o mundo mais triste.

Pai, te amo. Obrigada por me dar a chance de aprender tanto com você e de me dar uma família tão bonita e unida! Você é o homem mais especial do mundo e a gente nunca vai esquecer tudo o que você ensinou.

Sua filha brigona.