Monday, January 23, 2006

Nova mesa de bar - Turma do Naum

O que é a "Turma do Naum"? Pra você "Naum" é apenas um meio preguiçoso de digitar a palavra negativa e em "internetês"? Errado! A Turma do Naum é um grupo de discussões variadas. Políitica, cultura, e um bom apanhado do cenário do Brasil e do Mundo. Se você quiser parte e se sentar desta mesa de bar ainda mais interativa que este singelo blog, a hora é essa! Basta enviar seu e-mail, se inscrevendo no grupo. O meu camarada e moderador, o publicitário Alexandre Borges, aceitará seu pedido de inscrição com prazer :)

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Sunday, January 22, 2006

Desconstruindo musas


Aloisio Santos______________
As damas desta mesa de bar me dão licença, mas vou falar de mulher. De musas na verdade. O carnaval está perto e vem por aí uma enxurrada de beldades na luta por um flash e quem sabe virar tema de conversa de mesas de bares pelos próximos dois meses no mínimo. Se virarem capa da Playboy duram mais dois meses. E desde os anos 80, as escolas mostraram toda a beleza feminina brasileira nas melhores formas. E nas piores também, vide a decepção da Carla Perez e da Tiazinha, que se um dia sexy symbols, não tem lá esse carisma todo pra Praça da Apoteose.
Mas essa semana um fato me deixou com a pulga atrás da orelha. Uma das grandes musas do carnaval, Luma de Oliveira, chamou a imprensa (de novo) pra dizer que não vai desfilar. Isso faltando apenas um mês pro carnaval. Deu como desculpa, a família. A mesma desculpa que anos atrás virou um dos maiores factóides do carnaval. Tenho um grande tesão pela Luma, mas ela pelo jeito ta a fim de ganhar o “Troféu Renata Banhara” desse ano. Bom, pra quem não sabe quem ou o que é a Renata Banhara vou explicar. Renata Banhara é uma modelo-manequim (sei lá) que costuma aparecer nesses programas de auditório paulista ou em programas no estilo Amaury Junior. E justamente na época do carnaval. Os paulistas parecem adorá-la como se tivesse algo importante nesse mundo de Deus, além dela ser uma daquelas recordistas de maior número de escolas de samba a desfilar em um único ano. Como acredito que aqui no Rio vai bater de frente com zilhões de mulheres muito mais bonitas e que sambam muito mais do que ela, a terra da garoa lhe dá esses minutos anuais de fama.
A Luma de Oliveira junto com a Luiza Brunet disputam palmo a palmo o título de musa do carnaval. Os mais saudosistas podem preferir as brigas entre Emilinha Borba e Marlene. Mas nada foi tão avassalador quanto o desfile da Luma em 87 (se não me engano) de topless.
Agora você me pergunta: “O que tem de mais num topless, num desfile de escola de samba? Já vi mais que isso!”. Aí respondo que a Luma naquele ano teve quesitos, subjetivos e objetivos a mais que nenhum jurado poderia descrever ou dar nota. E deste então entrou na mente dos brasileiros como uma preferência nacional. Esses quesitos a nomearam como Musa do Milênio da Playboy Internacional. Se é bolinho ou não. Não sou eu quem vai discutir. E a vi pessoalmente apenas de calça jeans e camiseta branca e sem maquiagem num show do João Bosco. Fiquei em alfa por uma semana e não foi por causa da música do João Bosco que gosto de ouvir. É por essas e outras que se a Luma queria criar outra polêmica, vai precisar de um Sonrisal, porque ninguém ouviu. E ela não precisa disso.
E por falar em musas. A atual musa da moda (fashion é o cacete), Gisele Bündchen na TV tocando “Wish you were here”, do Pink Floyd! Disse que aprendeu em apenas três meses. Lembro que até uns anos atrás, a primeira música que todo guitarrista frustrado quer aprender é “Stairway to heaven”, do Led Zeppelin. Até que não foi de todo mal na apresentação. Tanto que ela fez em três meses o que o meu vizinho tenta fazer há oito anos, desde que se mudou pra cá. A sorte desse vizinho é que o David Gilmour não está morto pra se revirar no túmulo a cada tentativa frustrada. Mas o azar é que se ele descobre, pode até mandar um paletó de madeira pra ele.

Monday, January 02, 2006

Todos querem



Aloisio Santos__________
Uma boa resolução de ano novo pra dar certo, precisa começar ainda no dia 31. E foi o que fiz. Com a mente fixa de que muito deveria mudar na minha vida, fiz o caminho inverso da maioria. Enquanto todos se acotovelavam no metrô e nos ônibus para Copacabana, parti em direção a Botafogo. Mais precisamente um prédio alto que fica sobre o Túnel do Pasmado. Tinha a missão de retomar um ofício que não fazia há uns 13 anos pelo menos: o de DJ. Além disso, tinha de suprir uma certa necessidade. A de apenas tocar músicas dos anos 80. Claro que não me servi das quinquilharias que faziam a festa dos programas de auditório. Peguei o que considerava imprescindível da época e juntei conteúdo suficiente pra uma festa de quase 12 horas de duração. Eu já tinha em mente que não faria mais esse papel simplesmente por falta de paciência (ou saco mesmo, sabe lá). Mas até 19 horas do dia 31 e vi que meu 2005 tirando umas pequenas vitórias, foi mesmo um desastre. Até a minha namorada sequer deu sinal de ida se viria para Copacabana com sua trupe familiar. Mas junto a isso, tenho uma eterna dívida de gratidão com a família dos donos da festa. Resultado: juntei o útil, o agradável, o conveniente e um bom começo para colocar meu plano 2006 em prática.
E querem saber? Foi uma das melhores decisões que tomei na vida. Daquela altura, via-se a Baía de Guanabara que fez uma festa brilhante de fogos no Flamengo e Icaraí. Duraram muito mais tempo do que os de Copacabana, como pude perceber pelos fogos do Leme que ainda conseguia ver por trás da Torre do Rio Sul. E eram mais bonitos também.
Todos parecem precisar desse ritual de passagem todos os anos. Como não fossem capazes de executar toda vez que colocam os pés fora da cama. Gostam de ter o exercício sado-masoquista de acumular por 365 dias todas as injúrias, tristezas, mazelas, furos (seja no bolso ou na consciência) e ainda por cima juntam com o que tiveram de pior na vida. Pra que em um único segundo passem a abraçar quem está do lado, sorrirem à toa, beberem até cair. E tem quem diga que Carnaval é uma vez no ano somente. Mas há um fator que sempre nos escapa quando entramos nesse ritual: o tempo. Nada é tão implacável e ao mesmo tempo tão restaurador para a mente humana do que o tempo. Não digo o tempo no conjunto passado-presente-futuro. Mas o tempo criado por nós, homens. O divisível em horas, dias, meses e anos. Aquele que nos prende e nos escraviza. Que nos faz dependentes de cartas de alforria e de alguns réis que garantam isso. E a esse mesmo tempo junta-se a vontade de sempre passar em primeiro na linha de chegada, seja no circuito da realização pessoal ou profissional, ou simplesmente para pagar as contas em dia.Voltando à festa, notei que nas músicas que colocava de 20 anos atrás, elas eram atemporais. Não porque vivi esse tempo. Mas porque esse revival tinha em cada melodia e letra, algum sentido de que o tempo que criamos não as deixou no ostracismo. Não era jogada de marketing ou nostalgia de quem não saiu da adolescência. Era constatação mesmo. Tanto que passada a noite, fiz questão de ver a Baía de Guanabara do alto de uns 100 metros, talvez, com seus primeiros raios de sol de 2006 ao som de “Everybody wants to rule the world” dos Tears for Fears. As primeiras frases dessa música dão boas vindas à nossa verdadeira vida e que não há volta. Ótimo! Fiz meu ritual de passagem e eu mesmo busquei o remédio ideal para isso. Nada tão comum quanto 2 milhões de pessoas fazendo o mesmo que você, mas fácil o suficiente para perceber que todos querem mandar no mundo, nem que seja o nosso mundo. Foi preciso apenas voltar pra 1986 e começar do zero. Sem precisar fazer tudo de novo. Afinal, quando acordar já estarei novamente em 2006.