Friday, November 16, 2012

Back to Back



Na linguagem dos DJ’s, “back to back” é um efeito onde se usa os dois toca discos, com as mesmas músicas em cada um deles e no mesmo ponto delas. O Dj vai puxando alternadamente os discos nesse ponto e o que ouvimos é o mesmo compasso repetidamente. O que isso tem a ver com o novo filme da franquia 007, “Operação Skyfall”? Tudo.
O personagem James Bond faz 50 anos e há anos, o autor dos livros, Ian Fleming deixou o mundo terreno e ficamos sem mais novidades. O maior desafio dos roteiristas é fazer novas tramas e tendo ainda que destrinchar um mundo onde ocidente/oriente não vivem mais às turras. Daí o pulo do gato é fazer um retorno às raízes, como em toda franquia ou personagem que tenha cativado o público, como o Batman por exemplo. E tem o Craig... Ok, Daniel Craig é sem carisma, se move feito símio, o cão comendo mariola na chuva e sempre com aquela cara de quem ficou puto com o que você acabou de falar dele. Mas se pararmos para pensar, até isso é proposital. Resta ver até quando isso vai durar.
Neste vigésimo-terceiro filme, tudo parece uma pequena homenagem aos 50 anos e o roteiro foi nessa barca até o fim. Temos um Bond que aos poucos vai tomando a identidade que cabe a um agente 00. Ele ainda está “cru” para agir em campo e fica mais a cara de um agente do Mossad do que do MI-6. Junta-se isso a um emaranhado de fatores que fez da agência um motivo de chacota do governo britânico e precisa-se reciclar de qualquer jeito. A melhor forma é (mais uma vez) revendo suas raízes para buscar o que fazem melhor. Para isso, um jovem nerd é o novo “Q” e temos dois monstros shakesperianos Albert Finney e Judi Dench, a “M” como cereja de um bolo bom de ser degustado. No auxílio luxuoso estão o Ralph Fiennes e o vilão da vez, Javier Barden, que depois de ser o Beiçola no filme que lhe deu um Oscar, agora parece um Clodovil com mais acidez e inteligência a serviço do mal do que o falecido deputado. O detalhe é que tem o padrão de atuação em qualidade Javier Barden e isso fez toda a diferença.
Todas as “instituições” Bond estão presente nitidamente até nas falas que soltam os títulos dos filmes anteriores. A Walther PPK e o Austin Martin fazem os fãs se sentirem agradecidos por terem pago o ingresso, mas é só isso. Não é demérito nenhum, embora sempre se espera mais de um filme do 007, mas como é mais para não perder o ritmo de se fazer filmagens a cada dois anos, fica valendo a homenagem. E para quem estava esperando um certo personagem em especial, a Bond Girl da vez guarda uma surpresa (que os Bondmaníacos já perceberam na primeira meia hora).
Mas vejam sem medo. Vale a pena. E tem uma apresentação primordial no estilo 007 com a nova música da Adele com um ligeiro tom John Barry no instrumental para manter o estilo e tem ehhhh... o Craig. Mas nem tudo é perfeito!

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