Sunday, October 22, 2006

O Mutley dele era melhor



Aloisio Santos________ Como falar de F1 no país do futebol e que só acordava domingo cedo pra ver o Ayrton Senna? Comparando com futebol claro! Pra começar vou dizendo que sou um Ferrarista. Um torcedor da Ferrari. É algo que veio acompanhando todas as corridas de fórmula 1 desde os tempos do Emerson Fittipaldi. Mas algo sempre incomodava em torcer pela escuderia do cavalo negro rompante e aí vai a comparação com o futebol. Imagina você em plena época de preparação para Copa do Mundo vê que na escalação da seleção tem um cara chamado Maradona entre os convocados? É mais ou menos essa sensação que tenho ao ver o Michael Schumacher no cockpit daquele carro vermelho. E olha que já passamos pela experiência de ver o Alain Prost no mesmo lugar. Mas ele era o “professor”. Ele podia.

Vão me jogar todas as latas de cerveja que existem nessa mesa por causa do que vou dizer. Mas sou um dos defensores da tese que o alemão é o Dick Vigarista da categoria e não o Pelé como a maioria apregoa. A grande diferença é que ele tinha um “Mutley” mais eficiente na sua carreira de sucesso. Um não, vários. Isso tudo fez com que os últimos 12 anos fossem mais chatos de acompanhar. Mas sou mais fã de corridas do que de pilotos. Isso não se compara até o momento em que você entra em um deles, mesmo parado. A sensação é de marcar o gol de uma final num Maracanã lotado. Ou de uma criança dentro da fantástica fábrica de chocolate. Conhecimento de causa. Mas vamos à teoria dos Mutleys que o Schummi teve...

Dois dos sete campeonatos vencidos por ele foram com momentos de deslealdade, jogando Damon Hill e Jaques Villeneuve para fora na última corrida. Dos outros cinco, acredito que um ou dois, foram por merecimentos, já que ele teve como companheiros de equipe o Eddie Irvine (Um dos piores e mais desleais pilotos da história. Era tão ruim que no início de carreira esperava o Rubinho acertar o carro no box pra fazer igualzinho) e claro, o Rubinho. O eterno cara que se deu conta que estava realmente na fábrica de chocolates e ainda ganhando por isso, que simplesmente baixava a cabeça aos mandos e desmandos do alemão frente à equipe para que tudo desse certo apenas a favor dele. Até fazer o brasileiro pisar o pé no freio pra que ele ganhasse uma corrida. Ou todos os mecânicos perderem 15, 10 segundos a mais no box com brasileiro.

O alemão não teve realmente ninguém a altura de sua capacidade, mas ele não correu com o Piquet, com o Prost, com o Mansell, com o Alesi, com o Bergher, com o Senna ao mesmo tempo em uma temporada. E olha que alguns deles ainda tiveram como “companhia” nada mais nada menos do que o austríaco Niki Lauda (outro bom merecedor de uma Ferrari). Ele não passou uma temporada correndo com Jody Scheckter, Fittipaldi, Reutmann, Stewart, Pace, o Andretti pai, o Villeneuve pai (mais um merecedor de uma Ferrari) e o próprio Lauda ao mesmo tempo. Sem contar que teve nas mãos um carro impecável, e aí talvez, a única amostra de algum talento, pois dirigir uma Ferrari não é pra qualquer um. Mesmo assim em 12 anos conseguiu 6 títulos. Mas posso prever uma coisa, se depender do Alonso, esse é um recorde a bater fácil. Afinal o espanhol ainda tem mais uns 12 anos de F1 pela frente (a diferença de idade entre ele e o Schumacher) e já começou com dois títulos de vantagem. Fazer mais cinco a essa altura e com o que mostrou ser capaz não parece ser difícil.

Bom, desligo a tv, logicamente emocionado de ouvir o tema da vitória tocando no GP Brasil, mesmo com o Felipe Mala (ops) Massa vencendo a corrida. E não posso deixar de agradecer ao alemão por nada... Por mostrar a face escancarada e desleal de um esporte considerado de “elite”. Por mostrar que ele não é o Pelé da Fórmula 1. Apenas um Dick Vigarista que tinha um Mutley que não fazia trapalhadas e por isso vencia fácil. Pra mim já vai tarde.

1 comment:

Roneyb said...

Fala Alusa!

Você acaba de multiplicar por sete mil e quinhentos os meus conhecimentos de fórmula 1!

Não digo que passei a gostar, mas aprender sempre é bom e certamente aprendi algo!

No mínimo que o tal Barrichelo pode não ser tão merecedor assim das piadas com ele.

Abração!