Wednesday, March 17, 2010

Acho que estou ficando velho - II

Aloisio Santos__________________
“Que Deus perdoe essas pessoas ruins”
Engraçado como uma frase escrita na camisa de um jogador de futebol nos faz refletir muito mais do que simplesmente futebol. A mente humana realmente tem uma certa perversidade e nós não temos a menor idéia do seu status. Quando vem, como aparece, porque faz das suas. Mas há uma certeza. É para se ter medo do que a mente da juventude, hoje, é capaz de assimilar e jogar fora. Regurgitar mesmo, porque a qualidade não é das melhores. Tem quem diga que jovens são assim mesmo e que estamos velhos para acompanhá-los. Que desde que o mundo é mundo, que o conflito de gerações se faz presente. Balela! (palavra velha, não?).

Por isso que sempre devemos ter boas referências. Há quem diga que os perdidos anos 80 foram uma droga. Que nada se compara a quem viveu os easy 50’s ou os perplexos e revolucionários 60 e 70. Pois bem, para quem viveu essa década em sua adolescência, tem a certeza que as influências foram tudo e isso levou a uma questão: a de que foi a última década com algum movimento cerebral. Era preciso ser livre, na prática e na garra, com que as décadas anteriores ensinaram, mas com uma extrema dose de energia e principalmente, sabedoria. O erro não poderia se repetir.

Para bom entendedor, basta a arte. Não precisa ser erudita, pois o pop é suficiente para mostrar como se faz. O que dizer do cinema, que há anos não produz um filme que entusiasme ou motive uma torcida por um Oscar? Medíocre e nivelado por baixo, não é mais capaz de se reinventar, só mudar a tecnologia. O que era diversão e novidade nos anos 80, virou manual de instruções, hoje em dia. Pura receita de bolo. Dá uma saudade imensa de ver como John Hughes retrava melhor os adolescentes e os tratava bem. Quer comparar o vampiro de boutique de hoje, assexuado, contra a tríade Banderas-Cruise-Pitt de “Entrevista com Vampiro?”. Que as bombshells de hoje vieram do Clube do Mickey? Certamente iriam precisar um pouco mais de feijão e pimenta (a muito gosto) pra chegar a ser uma Cindy Crawford, sem precisar de photoshop.

Quer música? Aqui temos uma boa enxurrada de motivos. Os ídolos atuais são compostos por quem se diz capaz de dizer “eu sou mais eu” da maneira mais vingativa e egocêntrica possível. Não gostou? Então essa bala de 45 é pra você, mano! Ou então se preferirem temos as ultra-gostosas do pedaço, que usando o tal manual, ainda não saíram do capítulo número 1 sobre caras e bocas (e gestos) a fazer. Quem se diz novidade é apenas uma mistura de David Bowie com Madonna e você não sabe se ela, em seu próprio, nome está homenageando o Queen, ou apenas escancarando a velhice da fórmula. O que é para ser puro escapismo momentâneo, vira cíclope em uma ilha de cegos.

O que mais intriga é que eles têm tudo à mão. Tudo ao mesmo tempo agora. Aconteceu, gravou no celular, passou pelo pen drive, jogou no HD, colocou no You Tube, “tuitou”, “orkutou”, foi por mail e assim, disseminado. Ou então, para os mais abastados, basta um bom celular com todos os aplicativos juntos e queimar as etapas anteriores e realizar tudo em uma só. Isso é informação, véio. Tá aí para quem quiser ver. Inclusão fazendo a exclusão. O mundo cabe no meu quarto e quero que o resto se dane. Vou andar com meu nariz empinado para quem quiser ver que sou o dono do mundo e se não prestou atenção nos últimos 20 segundos do que eu disse, já ficou para trás. Mas eles se esquecem de uma coisa. Informações são baseadas em fontes. Fontes são referências e mesmo com tudo na cara para quem quiser ver, o imediatismo não os permite ir muito além da banda que fez seus 15 minutos de fama, na última semana. Por isso não se impressione se o revisionismo homenageia os antigos em diversas formas de mídia, fazendo com que todos engulam como se fosse bala de sabor novo. Mash up é o novo conceito. Joga tudo no liquidificador (com gelo, de preferência). Se descer redondo tudo bem, só não arrote porque pode dar galho.

Por essas e outras que Deus deve perdoar a quem, a princípio, tenha uma mente ruim. Então vá buscar, vá pesquisar. Procure, corra mais um pouco. Se você conseguiu algo, maravilha. Guarde e se puder, espalhe. Só não deixe o sucesso da conquista subir à cabeça. Use como incentivo para as próximas. Emocione-se e chore por coisas que tenham mais sentido, mesmo que seja uma simples propaganda de margarina. Certamente a divindade e o mundo vão agradecer em ver como as pessoas estão mais simples e não menos atualizadas. O dia continuará a ter 24 horas, independente do que precisa fazer e não vai ser o Jack Bauer quem vai te salvar. Só você mesmo.

1 comment:

MÔNICA A. MARTINS said...

Na verdade, como diz minha mãe, "nada se cria, tudo se copia". Concordo quando você diz que nada, de qualidade, foi criado depois dos anos 80. Tivemos nossos ganhos, conquistas em proporções dantescas, mas não podemos comparar o século passado a este, já que a grande maioria das invenções ou novidades estão se escasseando. Hoje vivemos de modismos. Quanto mais acessos no Twiter, melhor. Mas melhor pra quem?
Nesse circo de acessos, perdemos todos; a qualidade principalmente. Acredito que na escala de evolução estamos retrocedendo em vários aspectos. Será que voltaremos às cavernas?

Adorei o texto!!!
Parabéns Amor meu!!!