Wednesday, February 21, 2007

Um por dois ou dois por um?


Aloisio Santos_______

Filho da mãe do Spielberg! Pela primeira vez estou xingando um cineasta que adoro porque me faz ver um filme por causa de outro. Graças a ele, a dupla de diretor e roteirista Eastwood e Haggis (parece firma de advocacia) se juntou à produtora Dreamworks para contar duas versões de uma mesma história; a invasão da Ilha de Iwo Jima. A versão japonesa e a vista pelos americanos, que usaram uma foto como um dos emblemas de suas vitórias na II Guerra Mundial. O que importa é que bem que poderiam fazer um filme de três horas em vez de duas de dois... Talvez o efeito e o resultado fossem mais positivos. Mas como todo mundo sabe que cabeça de produtor Hollywoodiano se liga mesmo em qual casa em Orange County vai comprar com esse filme, então é melhor nem questionar muito.

O que importa é que como dizem as críticas, a visão japonesa dos fatos é infinitamente melhor como filme do que o “americano” A Conquista da Honra, baseada mais numa turnê de falsos heróis de guerra, bancada pelas forças armadas com finalidade de angariar fundos. Como o título mesmo diz (Cartas de Iwo Jima), a narrativa corre de acordo com os depoimentos de comandantes, soldado dado às suas famílias durante o confronto que em vez de quatro dias, durou quarenta. Mas é impossível hoje em dia pensar em um filme sobre a Segunda guerra, com personagens japoneses, sem o Toshiro Mifune ou dirigidos pelo Kurosawa. Eles sabiam dar o recado. Não que Eastwood não saiba. Afinal ele revisou o western, o filme de boxe e a biografia musical, (Imperdoáveis, Menina de Ouro e Bird, respectivamente), mas não tem como não notar a influência direta do Spielberg em enquadramentos e principalmente na fotografia quase sem saturação nas cores que determinam uma geologia inóspita e capaz de fazer todos os combatentes terem crises de desinteira.

O filme é carregado nas costas pela interpretação de Ken “O último samurai” Watanabe, o comandante das tropas, mas quem ganha a atenção da platéia é o coadjuvante Ninomiya que faz o padeiro levado contra sua própria vontade a uma guerra, dando a demonstração que os japoneses entraram nessa de gaiato e se deram mal. Quem viu “Tora Tora Tora” pode confirmar. Não tem como não entrarmos na pele dele e torcer a cada vez que a sorte (ou os deuses) o tira do fim iminente. Ele encarna o homem comum que bem poderia estar em casa cuidando da família e da vida em vez de ser apenas uma peça nas guerras que até hoje questionamos o porquê das mesmas.

O filme é apontado como um novo clássico. Pode ser que o tempo diga sim. Mas o próprio público americano, preguiçoso em ler legendas (o filme é todo em japonês) resolveu dar esse tributo, indicando-o com o Oscar do ano. Realmente é um bom filme. Mas sinceramente, sem Mifune e sem Kurosawa fica difícil colocar num pedestal. Eles já estão lá por direito há mais de 30 anos.

1 comment:

Unknown said...

Lindos os seus textos....abraços meu amigo...


obs. tmei a libeedade de copiar um texto de Bél Gós..ok?