Tuesday, February 08, 2011

Caraaaaca, maluuuuco!


Aloisio Santos ____ Realmente ver um filme onde você praticamente já sabe o fim é algo que pode ser muito danoso. Mas infelizmente foi assim que um dos indicados ao Oscar desse ano foi conferido – o último do inglês Danny Bolye. Aí vem a seguinte pergunta: Boyle é um bom diretor? Claro, principalmente para quem viu e adorou seus primeiros “Transpotting” e “Cova Rasa”. Ele gosta muito daquelas histórias que conforme o tempo passa, mais as coisas se enrolam a ponto de não terem mais solução. Há de convir que o seu Oscar chegou com alguns anos de atraso, com um filme adorado por muitos e simplesmente deixado de lado por outros, o anglo-bollywoodiano “Quem quer ser um milionário”. A estética impressa por ele já tem sinais e particularidades. Isso é bom para o seu reconhecimento. Ele já faz parte daquele grupo que, quando vemos um filme, sabemos quem o fez apenas por uma cena. É mantendo esse estilo e logicamente não mexendo em time vencedor, que Boyle realizou “127 Horas”. Uma história real de um engenheiro que se viu em uma situação de vida ou morte em um canyon americano.

James Franco é Aron Ralston, o tal engenheiro em questão, tem vocação esportista. É radical, brou! Gosta principalmente de montanhismo e como todo solteirão com uma profissão e que encara esportes, tem lá suas manias e desleixos. Por causa de uma sucessão de desleixos, provocados por aquela autoconfiança de todo desportista, ele cai em uma fenda e se vê preso a uma pedra, pela mão. Lógico que as coisas não são fáceis. Ele está sozinho no meio do nada, sem ter como se comunicar com ninguém e possui apenas alguns apetrechos e câmeras que são usadas tanto para deixar um testemunho de seu sofrimento, quanto para se sentir vivo e consciente à medida que o tempo passa e a falta de circulação são capazes de consumirem o seu corpo. Nesse mote, que o filme segue com a sua (pouca) duração. Pouco mais de uma hora e meia. Até porque mais do que isso para um filme que é quase um monólogo seria um lexotan daqueles para qualquer pessoa. Mas Boyle é malandro e para isso, usa e abusa de uma linguagem meio MTV para dar imagens e sons aos pensamentos, sonhos e “viagens” de Aron, enquanto as tais horas se passam. Muito pop e rock para ilustrar. Porém, todo conflito gera conseqüências físicas e para isso Aron tem que tomar uma decisão que ninguém gostaria de tomar. E nessa decisão reside a referência de “127 Horas”.

Nos últimos anos, a Academia resolveu colocar dez em vez de cinco indicados para o melhor do ano. Uma forma de ser mais justa com aqueles que certamente anos atrás seriam esquecidos e talvez por isso, a escolha de “127 Horas”. O termo “esquecido” se aplica bem ao caso. Não que seja um filme ruim, mas apenas esquecível. Provavelmente faria mais sucesso naquela mostra de filmes sobre montanhismo e por essas e outras que Boyle tem grande chance de voltar para casa de mãos abanando. Quem gosta de James Franco vai confirmar que ele é bem mais do que um personagem da franquia “Homem Aranha”. O cara tem potencial e ele já mostrou isso no telefilme sobre James Dean. É a bola da vez e irá apresentar a premiação do dia 27. Quem sabe não fazem uma surpresa com ele no dia, em vez de entregar o careca dourado pro inglês ga-ga-ga-gago? As adolescentes púberes vão adorar comentar nas redes sociais no dia seguinte.

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