Saturday, February 19, 2011

Por excelência


Aloisio Santos ____ Não, este não é mais um filme inglês sobre a realeza que, volta e meia, surge na telona para falar sobre a vida e as aventuras (sexuais ou não) da família que teve sempre vocação para aparecer em um reality show. Todo mundo quer saber (mesmo os que não dão a mínima, comentam) de tudo o que se passou pela família real inglesa, desde os Anos Vitorianos. Porém essa produção é uma pequena ode à arte do cinema e fez desse episódio um dos favoritos ao Oscar desse ano. Mais do que isso, um dos principais, devido às suas 12 indicações. Esse é “O discurso do Rei”.

O período histórico é o que antecede à II Guerra Mundial e o Rei George V está em seus últimos anos de vida. O sucessor no trono é o playboy Edward, que além de defecar e caminhar pelo trono e suas implicações, quer mesmo é passar o tempo com uma americana por quem se apaixonou. Claro que a batata quente caiu no colo do irmão, o Duque de York, sempre preterido e sacaneado desde criança. Tais problemas, fora o peso de não ser um inglês comum, o deixaram com uma inconveniente personalidade introspectiva e uma gagueira sem fim. Características que caíram como luva para a interpretação de Colin Firth, aquele que com sua eterna cara de cachorro pidão, faz a loucura das mulheres que querem levá-lo para casa e dar colinho. Mas agora o desafio é bem maior do que os seus papéis anteriores, por isso foi provavelmente, a primeira vez em que Firth não se repete e fez um bom upgrade ao seu estilo emprestando momentos sensacionais, dignos de um Oscar, tamanha a dificuldade. Para solucionar o problema incompatível com uma figura pública, sua esposa Elizabeth (a futura “Rainha-mãe”) recorreu a todos os técnicos e médicos, até se deparar com Lionel Logue, divinamente e não surpreendentemente bem interpretado pelo já premiado Geoffrey Rush. O embate de personalidades e de posição social se travou por alguns momentos, mas aos poucos um foi se adaptando à realidade do outro até culminar com o tal discurso que dá nome ao filme: a transmissão pela BBC do anúncio da participação inglesa na luta contra o nazismo.

Para a direção, um nome pouco conhecido do grande público, o jovem Tom Hooper. Mais acostumado a produções para TV tem no seu currículo a premiada série “John Adams”, que serviu de credencial para essa história real. Na verdade, Hooper tratou todo o filme como seu. Há como notar nitidamente o seu toque na direção e nos enquadramentos dos personagens, propositalmente muito à esquerda ou muito à direita de acordo com os embates ideológicos, ou simplesmente para mostrar uma bela história de amizade onde, aos poucos, um se colocou exatamente no lado esquerdo do outro para o resto de suas vidas. Uma grata surpresa por assim dizer, pois o “Discurso do Rei” é primo direto de “O paciente inglês”, talvez a última produção tipicamente inglesa a levar o prêmio máximo da Academia e isso lá pelo século passado. Seu favoritismo deve levar mais três ou quatro estatuetas, dentre elas a trilha primorosa de Alexandre Desplat, que para muitos é um sucessor da linhagem de John Williams e John Barry, falecido recentemente. É um filme típico para a premiação do dia 27 e já ganhou o Bafta e o Screen Actors Guild, que mesmo sendo britânico por excelência, é bem mais do que um algo sobre a família real em um dado momento da história, mas uma homenagem à amizade, a luta de adversidades pessoais e um presente para quem ama o cinema.

2 comments:

Anonymous said...

Sorry, mas resenha chatinha, sem sequer um ponto de vista que ilumine o sujeito que pretende ver o filme.

NO BUTECO said...

A questão de uma resenha por pior ou melhor que seja um filme não deve ser tendenciosa, a menos que quem escreveu faça parte dos envolvidos na produção ou distribuição do mesmo. Deve-se ater a fatos com um pouco de visão própria do objeto. Respeito a opinião, mas devo esclarecer que esses são requisitos básicos de uma crítica mais próxima possível de um texto elaborado com uma ótica jornalística e não publicitaria.
Mesmo assim, é um prazer imenso em tê-lo aqui lendo e principalmente participando com sua opinião. Será sempre bem vindo a esse espaço humilde e pessoal. Abs.