Wednesday, December 21, 2005

Filme de diretor

Aloisio Santos____________


Há diversos tipos de filme. O de autor. O de ator ou atriz. Aquele que a produtora paga pra que seja daquela forma. Tem o filme de diretor. E como se reconhece um filme de diretor? Podemos ver isso através de jogos de câmeras, enquadramentos, na forma como ele conduz atores e personagens e cria um estilo. Temos exemplos típicos em Fellini, Spielberg, Nelson Pereira dos Santos, Hitchcock. E o novo filme de Peter “Senhor dos Anéis” Jackson também é um exemplo e esse filme é o blockbuster "King Kong".
Peter Jackson ganhou 17 oscars com a trilogia de Frodo, sendo que 11 só no último deles. Ficou à frente de uma equipe por 2 anos apenas nas gravações e teve seu esforço premiado. Afinal ele teve cojones suficiente pra transformar o clássico literário pro cinema e agradar os iniciados no assunto, e principalmente os fãs da obra de Tolkien. Mas acredito que ao fazer Kong, ele queria mostrar ao mundo que não quer ser conhecido apenas pelos hobbits e magos. Que ele pode fazer muito mais e seguiu no que seria seu sonho. Refilmar a saga do gorila gigante. E quem conhece o diretor viu a mão dele em tudo.
Nos atores, ele conseguiu fazer Jack Black não atuar como ele mesmo. Trouxe o filho do Tom Hanks, Colin pra aprender mais um pouco e não se parecer com o pai. Se ele conseguiu, é questão pros próximos filmes do rapaz. Tem Adrian Brody também, mas ele tem cacife pra segurar qualquer peteca indiferente de seus mentores. Até aquele carinha do seriado Early Edition como um canastrão que quer virar Clark Gable apareceu. Ah! Tem também Naomi Watts, a loira do momento. Ela e seus olhos de puppy dog que de tão redondos e verdes parecem retocados em Photoshop. Na pele da mocinha, Jackson conferiu a ela um ar mais independente, mais segura de si, mesmo com os apuros e gritos. Afinal quem passou fome em plena recessão dos anos 30 e sacolejada de um lado pro outro, feito boneca por um mostro de 7 metros precisa ser, no mínimo, segura de si.
Tem também o apuro visual. A Nova Iorque faminta é amplamente explicada e a Ilha da Caverna fez a Ilha Sorna de Jurassic Park, parecer um trem fantasma. É lá onde está o monstrengo, assim como todos os outros animais gigantes e dinossauros (Sim, pois esse filme é baseado na 1ª versão de 1933, por isso esqueça aquele dos anos 70 que só serviu mesmo pra inaugurar as Torres Gêmeas que o Bin Laden pôs abaixo) e toda sorte de nojo que faz lembrar Jackson em sua fase trash, como em Fome Animal. Os dinossauros fazem o pobre macaco sofrer o pão que o diabo amassou só por causa de sua nova Barbie. Mordem, socam, rasgam os útlimos fios de pelo e escambau. Pros humanos que lutam pela sobrevivência sobram os insetos gigantes e uma corrida num desfiladeiro que faria a alegria dos masoquistas de uma Pamplona. Tirando umas quatro vezes onde se nota que a fusão artitas de verdade/ mundo virtual não combinou, tudo é grandioso. Mas o grande do filme mesmo é na volta à cidade grande, onde Jackson fez sua grande homenagem ao primeiro Kong. A luta contra os aviões no Empire State. Não tem como não encher os olhos.
Não há como negar que este King Kong é um excelente filme pipoca. Mas o sofrimento dos personagens no meio do filme bem que poderia durar menos meia hora. Jackson fez o seu dever de casa e ganhou mais alguns milhões de dólares. Mas ele provavelmente terá de fazer filmes com temas sérios (leia-se drama) e tão competentes quanto pra se reafirmar como medalhão. Isso se ele quiser provar que não é apenas o novo Spielberg. Por falar nele, quem não viu ou se esqueceu, confira seu primeiro filme primeiro filme pipoca: Os espíritos de 1997.

1 comment:

Roneyb said...

Os Espíritos é bem divertido!

Ainda não vi este King Kong, mas a maioria dos meus amigos não está gostando não.

Estou acostumado a discordar de todo mundo, vamos ver no que dá! ;))

Uma curiosidade, segundo o próprio Jackson ele decidiu fazer cinema para dirigir King Kong... Era para ser, assim... a ralização de um sonho... Sei lá, nunca gostei muito de King Kong, mas parece que estadunidense tem este fetiche com macacos... Já percebeu isso?